sábado, 21 de fevereiro de 2009

Mortes que ninguém chora

Corpos desconhecidos, abandonados pela solidão das fraquezas que se vão degenerando em vícios. Sobre a piedade das esmolas, que rasgam a sujidade de corpos moribundos que caem numa esquina qualquer. As garrafas quebram-se; em réstias azedas pelo álcool derramado.
As cruzes levantam-se com um número qualquer sobre um túmulo de terra batida.
O velório é uma inexistência, os coveiros soltam mais um corpo, que já ninguém procura e ali jaz mais uma alma penada da qual já não resta nada.
As lágrimas ficaram caídas num portal qualquer, onde as ruas despiram mais, um pobre, um pedante, desconhecido, um qualquer sem abrigo.
Ninguém, a procura nas enregeladas morgues.

Conceição Bernardino

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