A maior solidão é a do ser que não ama
A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.
A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.
O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.
Vinicius de Moraes
sábado, 21 de fevereiro de 2009
ME ENCANTE (Pablo Neruda)
ME ENCANTE (Pablo Neruda)
Me encante da maneira
que você quiser. como
souber. me encante
para que eu possa me dar.
me encante nos mínimos detalhes.
saiba me sorrir, aquele sorriso malicioso
e gostoso, inocente e carente.
me encante com suas mãos,
gesticule quando for preciso,
me toque, quero correr esse risco.
me acaricie se quiser. vou fingir
que não entendo. que nem queria esse momento.
me encante com seus olhos, me olhe profundo
mas só por um segundo, depois desvie o seu olhar,
como se o meu olhar, não tivesse
conseguido te encantar...
e então, volte a me fitar, tão profundamente,
que eu fique perdido sem saber o que falar...
me encante com suas palavras,
me fale dos seus sonhos, dos seus prazeres,
me conte segredos sem medos...
e depois me diga o quanto te encantei.
me encante com serenidade, mas não se esqueça,
também tem que ser com simplicidade,
não pode haver maldade.
me encante com uma certa calma,
não tem pressa, tente entender
a minha alma.
me encante como fez com a primeira namorada,
sem subterfúgios,
sem cálculos, sem dúvidas, com certeza.
me encante na calada da madrugada,
à luz do sol ou embaixo da chuva.
me encante sem dizer nada
ou até dizendo tudo.
sorrindo ou chorando, triste ou alegre...
me encante de verdade
com vontade...que depois
eu te confesso que me apaixonei
e prometo te encantar
todos os dias, do resto das nossas vidas!
Me encante da maneira
que você quiser. como
souber. me encante
para que eu possa me dar.
me encante nos mínimos detalhes.
saiba me sorrir, aquele sorriso malicioso
e gostoso, inocente e carente.
me encante com suas mãos,
gesticule quando for preciso,
me toque, quero correr esse risco.
me acaricie se quiser. vou fingir
que não entendo. que nem queria esse momento.
me encante com seus olhos, me olhe profundo
mas só por um segundo, depois desvie o seu olhar,
como se o meu olhar, não tivesse
conseguido te encantar...
e então, volte a me fitar, tão profundamente,
que eu fique perdido sem saber o que falar...
me encante com suas palavras,
me fale dos seus sonhos, dos seus prazeres,
me conte segredos sem medos...
e depois me diga o quanto te encantei.
me encante com serenidade, mas não se esqueça,
também tem que ser com simplicidade,
não pode haver maldade.
me encante com uma certa calma,
não tem pressa, tente entender
a minha alma.
me encante como fez com a primeira namorada,
sem subterfúgios,
sem cálculos, sem dúvidas, com certeza.
me encante na calada da madrugada,
à luz do sol ou embaixo da chuva.
me encante sem dizer nada
ou até dizendo tudo.
sorrindo ou chorando, triste ou alegre...
me encante de verdade
com vontade...que depois
eu te confesso que me apaixonei
e prometo te encantar
todos os dias, do resto das nossas vidas!
Mortes que ninguém chora
Corpos desconhecidos, abandonados pela solidão das fraquezas que se vão degenerando em vícios. Sobre a piedade das esmolas, que rasgam a sujidade de corpos moribundos que caem numa esquina qualquer. As garrafas quebram-se; em réstias azedas pelo álcool derramado.
As cruzes levantam-se com um número qualquer sobre um túmulo de terra batida.
O velório é uma inexistência, os coveiros soltam mais um corpo, que já ninguém procura e ali jaz mais uma alma penada da qual já não resta nada.
As lágrimas ficaram caídas num portal qualquer, onde as ruas despiram mais, um pobre, um pedante, desconhecido, um qualquer sem abrigo.
Ninguém, a procura nas enregeladas morgues.
Conceição Bernardino
As cruzes levantam-se com um número qualquer sobre um túmulo de terra batida.
O velório é uma inexistência, os coveiros soltam mais um corpo, que já ninguém procura e ali jaz mais uma alma penada da qual já não resta nada.
As lágrimas ficaram caídas num portal qualquer, onde as ruas despiram mais, um pobre, um pedante, desconhecido, um qualquer sem abrigo.
Ninguém, a procura nas enregeladas morgues.
Conceição Bernardino
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