sexta-feira, 31 de outubro de 2008

QUADRILHA (Carlos Drummond de andrade)



João amava Teresa

que amava Raimundo

que amava Maria

que amava Joaquim

que amava Lili

que não amava ninguém.

João foi para os Estados Unidos,

Teresa para o convento,

Raimundo morreu de desastre,

Maria ficou pra tia,

Joaquim suicidou-se

e Lili casou com J. Pinto Fernandes

que não tinha entrado na história.

sábado, 18 de outubro de 2008

Vlademir Dias Pino

"Eis o morto livreraso e vazio
em seu ninho de sangue calvo( calvo como a bala de fuzil )
sangue que é um escudo
assim tombado"

* Vlademir ou Wlademir Dias Pino, (1927, RJ-) cuiabano, nascido a 2 de fevereiro de 1927. O maior de todos os poetas concretistas de Mato Grosso. VDP foi um dos chefes do Movimento novo na literatura brasileira: o concretismo, poesia concreta.

ASPIRAÇÃO (

Aspiração
Bojando a vela sobre o mar sem alma,

Vai, asa branca, ao ritmo do vento.
Circunfletindo, oscila e corta a espalma
Imensidão que espelha o firmamento.
No ar rarefeito treme a leve palma...

Se a tempestade vier, o oceano é cruento...
E ela não sente quando a tarde é calma,
Insídias de borrasca em céu sedento.
Quisera ver minha alma - neste instante -Como a vela boiar, e se sumindo

No horizonte, indo além, bem mais distante...
E indo a vogar meu pensamento com ela,

Livre da ronda das paixões (que lindo!)
Como a alvura que aclara a branca vela.


Da. Maria de Arruda Muller (1898, MT-2002), poetisa, ativista cultural, uma das fundadoras do Grêmio Literário Júlia Lopes, do qual foi presidente e participa do grupo que publicou a revista A Violeta e membro da Academia Mato-grossense de Letras.

Âmago ( Lucinda Persona)

Sinto o deslizar do tempo
pesado, soturno e lento
pelos meus ramos perpétuos.
Tenho as minhas raízes imersas
e as minhas seivas esparsas
em terras de eternidade.
(E este oculto ordenamento
de fatos - pétreo mistérios?...
Por que a flor, em mim, não medra?
Misturei-me em terra estéril?)

ANTÔNIO SODRÉ

"Poema que não desabrocha
retido no coração
fica duro como rocha"

*Antônio Sodré - O poeta da transmutação.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A FORTALEZA DO ESPÍRITO (autor desconhecido)

Às vezes, parece que a vida não é mais do que um teste para nossa paciência e resistência.
Há dias em que a alegria já acorda em nossa companhia;
e há dias em que levantamos sem ânimo, sem mesmo saber para quê,
pois até a esperança de felicidade parece extinguir-se.
O cansaço e a desesperança atacam a todos, sem excepção;
e há os que sucumbem e se rendem à vida, abandonando a luta e aceitando a derrota.
Que tu não sejas um destes e acordes, hoje, como um bravo;
alguém a quem a vida, muitas vezes, não oferece nada, nem mesmo a esperança
- mas que, mesmo assim, cerra os dentes, levanta, reage e luta!
Que acordes como um valente, de quem o destino pode tirar os sentidos e a respiração,
mas não pode tirar a coragem.
Pois, se a vida nos testa, mostremos a ela que nosso corpo pode ser frágil,
mas que nossa alma é de aço.
E que a espinha de um bravo verga,
mas não quebra!